sábado, 28 de novembro de 2009

FRAGMENTOS


Com sangue e suor,
Sofro estes versos.

Sinto-os presentes,
No entanto, me escapam...

Junto aos pedaços:
Imagens,
Palavras,
Sentimentos...

São os tijolos,
O cimento,
Com os quais, arduamente,
Construo este templo.

Shirlei Almeida.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

EM TRANSIÇÃO


No fim dos 21 te conheci
uma liberdade incrível
no início tudo fácil
festas, risos, comemorações
depois as responsabilidades
pessoas novas, novos amigos.
Idas e vindas, altos e baixos.
Então aconteceu algo inexplicável
uniu-se a nós quem menos esperavámos
por fim tudo se ajeitou...
E os amigos, antes muitos
agora poucos, mas verdadeiros,
também nos deixaram...
Alegrias múltiplas
Descobertas inesquecíveis
e a solidão sempre nossa companheira...
E na caminhada que se finda,
digo a ti o meu mais doce adeus...
E afirmo que de ti jamais esquecerei.
Agora parto,
uma nova aventura me espera,
e em poucos dias os 23 virão me buscar...
By Véu Cruz

domingo, 18 de outubro de 2009

Ainda em flor

A mão pequena segura o lápis
A mão da mãe segura a mão pequena
Um rabisco surge no caderninho
Mas nenhuma letra foi desenhada
A mão começa a ficar impaciente
Para que o nome possa escrever
A mãe mais uma vez segura a mão da pequena
Para que em breve a menina aprenda
Que as palavras podem transformar
Aos poucos a mão vai desenhando
A letra inicial do nome
Como é fascinante o desabrochar de uma menina
Ainda em flor.

Laís Correia
16/10/09

No fundo do meu mar

Ondas gigantescas crescem em minha mente
Navegações perigosas e desnorteadas
No fundo do meu mar
Uma garrafa
Contendo um papel com palavras tristes
Afrontadoras
Este barulho de mar parece um presságio
Para que em mim se deságue e me afogue
Em minha porta a brisa do mar ecoa
Me hipnotizando e me deixando a esmo
Criando um vácuo em minha alma
O meu rumo ainda não encontrei
O mapa rasgou-se em pedacinhos
Agora só o que resta sou eu
Mergulhada na imensidão do meu mar.

Laís Correia
09/10/09

Metáforas

Abandonaram-se as flores
O belo vestiu pijama e foi dormir
A canção calou-se no vácuo da noite
Em pleno dia de lua minguante
Nos jardins brotaram páginas em branco
Depois que a poesia resolveu desistir
Num dia de sol chuvoso
Num dia em que a chuva secou todas as palavras
Abandonaram-se os amores
O meu foi embora
Deixando somente metáforas.

Laís Correia
08/10/09

Horas

São quatro horas da tarde
E os minutos não são tolerantes para mim
Busco algo novo
Mas a rotina parece me perseguir
Vou à rua,vejo pessoas
Que antes nunca vi
Minha alma mergulha
Num misto de calma e frenesi
Aproximam-se as horas
E percebo que estou aqui
Sei que a vida reserva
Uma surpresa para mim.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Abrace uma causa


Abrace uma causa qualquer.
Mesmo que seja para se orgulhar
do seu grande favor a humanidade.
Mesmo que você já não seja tão humano.
Coisificado entre ligeiras pretensões
de dar importância ao metal.
Quando o corpo apodrece debaixo da terra,
no caixão mais caro, do terreno mais rico.

Abrace minha causa de suma importância
de dar méritos aos desprovidos de tudo,
mesmo que o tudo seja abstrato,
mesmo que seja a alma que escapa
para esconder-se não sei porquê
atrás das estátuas dos mártires:
os humilhados.

Abrace uma causa, mesmo que seu olhos
não sejam capazes de enxergar adiante.
Mesmo que seu espírito, suas mãos,
(seja lá o que for) não perceba
que assim você abraça a si mesmo.

Abraço a minha causa, sem conseqüências.
Abraço a causa que negaram,
abraço o que os desprovidos de alma
não podem ver.
Abraço a vida, à força, a ferro e fogo,
mas abraço a vida.


2002


Vilma Paz
No país da incompetência


Fulana disse que o sol
lá para os lados
do país da incompetência,
nasce quadrado.
Quadrado atrás de grades
que protegem casas e supermercados.

Fulana nasceu nesse país,
e tem, por isso, o costume
de andar com os olhos vendados
e ela diz que enxerga melhor assim

E são tiras de tecido escuro
que cobrem leis, preconceitos,
revolta, violência,
cobrem crimes...

Fulana disse também
que nesse país
todos têm direito de ir e vir:
Quando os transportes funcionam;
Quando a vida deixa;
Quando os passos são longos;
Quando a morte não chega.

Fulana disse que em seu país
todos são iguais debaixo da terra
(A morte democrática).
Fulana disse tudo isso.
E eu fiquei imaginando
que país era esse.


22.03.2001

Vilma Paz
Paladar

Use o paladar,
descubra meus sentidos
em seus sentidos,
percorra, letra por letra, o meu nome.

Chega perto,
o bastante para sentir
o sabor das letras se desenhando
em poros,
em sangue,
em corpo,

Baila comigo neste passo de dança,
nesta fome de vida...
Use o paladar,
outros sentidos,
descobre comigo
o sabor do corpo,
o sabor das letras,
das sílabas,
as palavras...

Vilma Paz (25/09/2009)

domingo, 27 de setembro de 2009

Jaz

Jaz

Jaz o meu coração
Que não resistiu às pancadas
Abrupto tão foi
Que nem o grito teve tempo de sair
Os planos de ontem
Transformaram-se em pó
Talvez o outro coração seja feliz agora
Agora que se desprendeu do meu
Agora que o meu nem mais existe
E o eu se faz insignificante
O meu coração
Jaz.

Laís Correia
25/09/2009

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Lágrimas [da Alma]

A chuva que cai
se confunde com a lágrima
que também cai...
e lava minh'alma!
A chuva ou a lágrima??
já não sei dizer...
Neuma Queiroz

Meia-Noite[?]

É meia-noite
em pleno meio dia
neste ser [Vazio]
a escuridão é plena
É escuro... demais!
mas vejo estrelas!
e a Lua que me olhar tristonha...
mas por que assim me olhas???
se tristonha não me encontro!
Ou será a tristeza tão grande
ao extremo de sugar-me
a sensibilidade de percebê-la???
Não encontro as respostas
para meus questionamentos.
Contudo, parece que estou só...
Mas você tá aqui!
Sim está...
Seria capaz de descrever
a tranquilidade que emana de teu ser...
Tranquilo e meu, e assim...
meu sol brilha em plena meia noite!
Mas sem teus olhos...
continuará sendo meia-noite
em pleno meio dia
quando o Vento sopra frio
e as folhas faz-se voar
A noite não passa
E passa a Vida
a passos lentos
e vazios e Só...
e Só!
Neuma Queiroz

sábado, 12 de setembro de 2009

Simplesmente ser


O coração a palpitar

As mãos suadas de um nervoso infinito

E os olhos vêem o amanhecer subindo

A leve brisa do vento

A sacudir os caracóis

Do cabelo da menina

Que ainda ontem brincava de ser menina

E assim como que por encanto

O dia vira noite

E a menina que hoje já não brinca

Sai para viver a fantasia

De um dia voltar a ser menina

E a noite vira dia

E num passe de mágica

A menina,

hoje mulher

custa a crer, que menina não mais é

Então um choro

um aconchego

e no peito um desejo

levam seu olhar ao colo

E ela vê olhos de filha

a olhar um rosto de mãe

Mãe que hoje brinca

De ter uma menina...


Verônica Cruz

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O som da alma



Apagaram a luz!
DEUS!
Tenho medo!
O que faço, se não vejo?
Escuridão...
Silêncio...
Sinto no coração
Tristeza sem fim...
A dor que invade a alma
A alma que desconhece a dor
Sou mais um cego,
Neste mundo, que terror!!!!
Um momento, façam silêncio!
Que eu quero ouvir
O som da vida
A doce melodia
Que a alma canta
E a todos encanta
Felicidade que não tem fim...


By Véu Cruz

domingo, 6 de setembro de 2009

Te desconheço


Te desconheço nos momentos de alegria
Nos momentos de orgia e de prazer.
Te desconheço nos momentos de agonia
Nos momentos de sangria e desfalecer.
Te desconheço na noite fria
No dia-a-dia e ao entardecer
Te desconheço sempre, pra sempre, ou até morrer.....
Te desconheço.


Andréia Cravalho

Relaxo

Me vejo no mar, num momento ímpar
Ouvindo as ondas a bater sobre as pedras
Espalhando gotas de esperança no ar
Vendo as aves, gorjeando a sua musicalidade
Num voo esplêndido e radiante.
me pego a reparar todas essas maravilhas
E Relaxo, me alegro, me acho.
Concluo que aqui, no mar, sou eu.
Tenho liberdade de sonhos e realizar os meus sonhos
Mas só aqui, no mar.

Andreia Carvalho

Tu e Eu


TU E EU

Como traduzir tamanha diferença entre Tu e Eu?
Tu és inocência.
Eu prefiro paciência.
Eu, perdida no que quero e desejo.
Tu encontraste-me, mas não achou o que há de estranho em mim.
Tu, confiante, sonhador
Eu, ah! Eu, quanta insegurança meu Deus.
E Tu? E Eu? O que somos?
Somos a descoberta diária para sabermos
Se algum dia nós nos tornaremos UM
Eu em Tu e Tu em Eu.

Andréia Carvalho

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Linguagem Poética:

Desbravando o nada

Procuro desbravar
O nada que não sei
A palavra que não vi
O homem que não conheço

Quero desbravar
A língua que não falo
O povo que não conheço
A criança que não vi nascer

Vou desbravar
O país que nunca vi
A música que nunca escutei
O livro que nunca li

Tenho que desbravar
Recriar o nada
Fazer o nada aparecer
No mundo onde o nada existe

O nada sempre existiu
Desbravei o nada
Desencantei a palavra
Fiz do nada a palavra
Onde não existia nada


Marcos Torres, 2009.


A cachoeira

No caminho do mato,
A mata se levanta,
Numa estrada de barro batido
Entre cascalhos e pedras.

Na copa das árvores,
As corujas dormem
No incômodo do clarão.
O lagarto rastejando a espreita.

O inseto corre em fuga
Das aves que o devoram
Num voo rápido e certeiro.
O réptil come a ave,
Que comeu o inseto na ponta do galho.

Lá longe a cachoeira,
Aqui apenas fio de gotas d’água.
No caminho o córrego segue adiante,
A cachoeira rompe as pedras
Em busca do infinito.

As águas molham os pés
Num balé entre pedras e penhasco,
Encharcado de água no corpo,
Vou saindo em silêncio.


Marcos Torres, 2009.


O Rubi de Serra Leoa

Lá longe depois do Atlântico,
Um homem que cava um buraco
Em busca de uma pedra perdida,
Com as mãos sujas de barro
Enxuga o suor do seu rosto.

Lá fora o sol se levanta,
Enquanto o homem trabalha
Pisando em cascalhos e pedras.
Buscando uma pedra preciosa
Enquanto se chove lá fora.

A lama entre os cascalhos,
A mata cinzenta e escura,
O lobo uivando lá fora
Enquanto o homem trabalha,
No silêncio do túnel escuro

A noite escurece a mata,
O homem não ouve nem enxerga,
Não acha a pedra maldita
Que pode lhe dar outra vida.

A noite chegou e o sol já se foi,
O homem segue o caminho
No meio da mata perdido.
Sem a pedra que nunca encontrou,
Sem a pedra que nunca enxergou.

Marcos Torres, 2009.